domingo, abril 29

A dançar é que a gente se entende...

A dança moderna nasceu quando os bailarinos profissionais rejeitaram os constrangimentos do ballet clássico e apresentaram espectáculos baseados na expressão individual e nas ideias que tinham sobre o que consideravam ser o movimento livre.

Durante o séc. XX, o ballet ganhou em variedade, profundidade e requinte, aperfeiçoando a sua técnica incomparável e espalhando-se por muitos países que até então, não tinham qualquer contacto comesta forma de arte.
As danças de salão adquiriram novos adeptos e novos métodos e expandiram-se em novas modas de dança que agarraram os jovens deste mundo como, por exemplo, o rock'n'roll e o disco. Foi um século de renascimento e “nascimento” da dança.
Prof. Alkis Raftis, Presidente do Conselho Internacional da Dança.


O Dia Mundial da Dança foi estabelecido em 1982 com o propósito de chamar a atenção para a arte da dança. Comemora-se no dia 29 de Abril. Nesse dia, pede-se às companhias de dança, às escolas de dança, às instituições e indivíduos que organizem actividades destinadas a um público mais vasto do que o habitual.
O Conselho Internacional da Dança é a organização oficial que tutela todas as formas de dança, em todos os países do mundo.
É uma Organização Não-Governamental sem fins lucrativos, fundada em 1973, na sede da UNESCO, em Paris, onde tem o seu quartel-general.

O seu objectivo é funcionar como um fórum mundial, unindo instituições nacionais e locais, assim como indivíduos que pratiquem a dança. Representa os interesses do mundo da dança em geral e, de acordo com isso, funciona como consultora de governos e agências internacionais.


sexta-feira, abril 27

Ginástica(s)...

Como há muito tempo não têm ginástica mental e se aproxima o fim-de-semana, a Bruxa - sempre com cuidado com o vosso bem-estar - foi à praia e trouxe uns camarões "pirados" e bem coloridos!

Uma pergunta: alguém conhece esta Tia da Bruxa?

E aqui vai uma proposta-desafio do grandioso concurso:


ADIVINHA:


O que é, que é, que é nome de homem, nome de mulher e nome de fruta?


PROVÉRBIO:


Moço de frade, manda-o...????

quinta-feira, abril 26

Registo de baptismo...

Não tem a ver com cozinhas mas é um dos grandes temas de conversa ali para os lados da escola da Amoreira:

É crença comum que William Shakespeare terá nascido no dia 23 de Abril de 1564, dia de S. Jorge, padroeiro de Inglaterra. A data certa poderá ter sido, de facto, 21 ou 22 de Abril, mas a coincidência com uma festa nacional inglesa será, no mínimo, apropriada.
Quando saía do útero materno para o seio do mundo do tempo, com a ajuda de uma parteira, uma criança do século XVI era lavada e “enfaixada”, ou seja, enrolada com firmeza num tecido macio. Depois era levada ao andar de baixo para ser apresentada ao pai. Após esta saudação ritual, era levada de novo para o quarto onde nascera, ainda quente e escuro, onde era colocada junto da mãe. Pensava-se que a mãe “atraía para si todas as doenças da criança” retirando-as do corpo do filho, antes de este ser colocado no berço. De costume, punha-se um pouco de mel e manteiga na boca da criança. Na zona de Warickshire era costume dar ao bebé mioleira de lebre reduzida a geleia.
Ao contrário da data do seu nascimento, a data do baptizado de Shakespeare, é conhecida com exactidão: foi baptizado na igreja da Santíssima Trinade, em Stratford, numa quarta-feira, dia 26 de Abril de 1564. No registo da igreja, o sacristão escreveu: Guilelmus filius Johannes Shakespere. Escorregou no latim, pois deveria ter escrito Johannis.

O bebé Shakespeare foi levado pelo pai da casa onde nasceu, em Henley Street, ao longo de High Street e de Church Street, até dentro da igreja. A mãe nunca estava presente no baptismo. John Shakespeare e o seu filho recém-nascido terão sido acompanhados pelos padrinhos. Nesta ocasião, o padrinho foi William Smith, capelista e vizinho de Henley Street. O nome da criança era-lhe dado antes de ser mergulhada na pia e de lhe fazerem o sinal da cruz na fronte. Junto da pia baptismal, os padrinhos eram exortados a garantir que William Shakespeare escutaria sermões e aprendesse o Credo assim como o Pai-Nosso “na língua inglesa”. Após o baptismo, colocava-se um tecido branco sobre a cabeça da criança, que ali permanecia até a mãe ter sido purificada: chamava-se “pano de baptismo” e se a criança morresse antes do mês, era usado como mortalha. A cerimónia da fé reformada anglicana, no tempo de Isabel, ainda favorecia a oferta de colheres dos Apóstolos ou camisas de baptizado à criança, dados pelos padrinhos, e a partilha de um bolo de baptizado como celebração. Estavam, ao fim e ao cabo, a celebrar a salvação eterna do jovem William Shakespeare.

Shakespeare, Peter Ackroyd, 2005



Queijadas de Sintra

Enfim, o maestro desceu, a correr, quase aos trambolhões, com um cache-nez de seda na mão, o guarda-chuva na outra, abotoando atarantadamente o paletó.
Quando vinha pulando os últimos degraus, uma voz esga­niçada de mulher gritou-lhe de cima:
- Olha não te esqueçam as queijadas!
Carlos sorriu. Os artistas, dizia ele, só amam na natureza os efeitos da linha e da cor; para se interessar pelo bem-estar de uma túlipa, para cuidar de um craveiro não sofra sede, para sentir mágoa de que a geada tenha queimado os primeiros rebentos das acácias - para isso só o burguês, o burguês que todas as manhãs desce ao seu quintal com um chapéu velho e um regador, e vê nas árvores e nas plantas uma outra família muda, porque ele e também responsável...
Cruges, que escutara distraidamente, exclamou:
- Diabo! É necessário que não me esqueçam as queijadas!
- Tive nojo! - exclamava o Alencar, rematando fogosa­mente a sua história. - Palavra que tive nojo! Atirei-lhe a bengala aos pés, cruzei os braços e disse-lhe: aí tem você a ben­gala, seu cobarde, a mim bastam-me as mãos!
- Que diabo, não me hão-de esquecer as queijadas! - murmurou Cruges, para si mesmo, afastando-se do parapeito.
- Agora o que tu deves ver, Cruges, é o palácio. Isso é que tem originalidade e cachet! Não e verdade, Alencar?..
- Eu vos digo, filhos - começou o autor de Elvira - historicamente falando...
- Eu tenho de comprar as queijadas - murmurou Cruges.
- Justamente! - exclamou Carlos. - Tens ainda as queijadas; é necessário não perder tempo; a caminho!
- Com mil raios! - exclamou de repente o Cruges, saltando de dentro da manta, com um berro que emudeceu o poeta, fez voltar Carlos na almofada, assustou o trintanário.
O breque parara, todos o olhavam suspensos; e, no vasto silêncio de charneca, sob a paz do luar, Cruges, sucumbindo, exclamou:
- Esqueceram-me as queijadas!

Eça de Queirós, Os Maias

INGREDIENTES
MASSA

400g DE FARINHA DE TRIGO
100g DE AGUA

RECHEIO

1,5kg DE QUEIJO FRESCO SEM SAL
12 GEMAS DE OVOS
120g DE FARINHA DE TRIGO
800g DE AÇÚCAR BRANCO
60g DE COCO RALADO
3g DE CANELA
Massa

Junte a água a farinha e trabalhe bem a massa até que esta fique muito fina e consistente. Acrescente água caso seja necessário. Estenda até ficar com um milímetro de espessura. Depois, corte em rodelas de doze centímetros cada, dobrando-se as bordas e dando quatro cortes nas bordas. Deixe secar.

Recheio

Esmague o queijo com as gemas e o açúcar. Depois de muito bem misturados, juntam-se a farinha, o coco e a canela. Misture bem. Encha as caixas de massa e leve ao forno a cozer.

Esta receita foi extraída do livro de Antonio Maria de Oliveira Bello, dito Olleboma, Culinária Portuguesa, Assirio & Alvim, 1994.

quarta-feira, abril 25

Cravos de Abril...

Neste dia dos primaveris cravos encarnados em que celebramos a aposta no país que hoje somos, a Bruxa resolveu dar-vos mais uma ajudinha e publicou n'A Despensa mais um texto de apoio para o contexto teatral do Empregado do Mês. Vão lá ver...

A partir de amanhã terão também a resposta a algumas das vossas preces: vão começar a sair os vários capítulos sobre as cozinhas por onde o senhor trabalhou.

Entretanto, continuem a trabalhar mesmo sem terem todas as correcções de volta. Não parem. E amanhã, há cinema culinário na aula das 9. Até lá!

segunda-feira, abril 23

Uma vitela assada que não desaparece...

"Começou-se então a sobremesa: a D. Josefina, muito contente, com a alegria de quem vai fazer uma surpresa depois de ter visto desaparecer todo o leite-creme, todo o arroz doce, e toda a sopa-doirada… levantou-se muito lépida e foi lá dentro, ao quarto de sua cunhada, buscar a lampreia imprevista, com que ela resolvera brindar o neófito na pessoa de seu mano Justino.
E foi, e quando todos, já esgotados os doces, se atiravam às frutas com um apetite de quem come o jantar, a D. Josefina apareceu a correr:
- Esperem aí! Esperem aí! Ainda aqui está isto, que eu ofereço ao meu mano em acção de graças por seu filho ter sido hoje feito cristão.
E apresentou no meio da mesa, ante o espanto geral, a terrível peça de vitela assada.

Era de mais. D. Palmira, que a fechara à chave no quarto de sua filha, olhava irada para D. Josefina, que a olhava também colérica por ela ter ido pôr, sem lhe dizer nada, a vitela ao pé da sua lampreia, ocasionando assim aquele ridículo equívoco.
[…]
- Nada… está provado que o único meio de acabar com ela é comê-la. Vamos a isto.
E pôs-se a comer a vitela como quem estava atacado de fome canina.
Justino deitou-lhe um olhar irado – já se habituara a contar com aquela vitela para o jantar do dia seguinte – enquanto o conselheiro, […] aprovava rindo a resolução do recebedor e se atirava também ao assado.
E o Dr. Fromigal seguiu o conselheiro, e as meninas Torres seguiram o Fromigal, e a vitela desapareceu num momento, apesar de ter vindo já depois dos doces e no meio das frutas”.


Gervásio LOBATO, Lisboa em Camisa

Uma amiga da Bruxa, que lhe mandou o excerto que acabaram de ler, também a informou de que Gervásio Lobato é outro autor que nasceu no dia 23 de Abril... de 1850! Este é português!

Dia Mundial do Livro...

No dia 23 de Abril de 1616 morreram três autores importantes da literatura mundial: William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de la Vega, o escritor e historiador peruano. Ainda no dia 23 de Abril nasceram outros escritores como Maurice Druon (1918, Paris), Haldor K. Laxness (1902, Reykjavik - m. 1988), Vladimir Nabokov (1899, S. Petersburgo - m.1977), e morreram o catalão Josep Pla (n. Palagrugell, 8 Março 1897 – m. 1981 Llofriu) e o colombiano Manuel Mejía Vallejo (n. Jericó, 1923 – m. El Retiro, 1998). Por isso, não é de espantar que, quando quis escolher um dia para celebrar a leitura e a defesa dos direitos de autor, a UNESCO se tenha decidido por esta data.
Em 1995, na Assembleia Geral da UNESCO realizada em Paris, a organização decidiu prestar tributo aos livros e aos autores, encorajando todos, em especial os mais novos, a descobrirem o prazer da leitura e a ganharem um maior respeito pela contribuição de todos aqueles que, com a sua criatividade, aumentam o nosso património cultural, contribuindo assim para o desenvolvimento do espírito humano. A UNESCO criou não só o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, como criou o prémio UNESCO de Literatura Infanto-Juvenil em Defesa da Tolerância.
Portugal também comemora o dia com a campanha Leia Mais. Viva Mais e outras iniciativas, cujo programa podem encontrar aqui. Esta campanha conta com o patrocínio de cerca de 180 Câmaras Municipais, espalhadas por todo o país. Infelizmente, e segundo dados do Instituto Português do Livro e da Leitura, a de Cascais não faz parte da lista, se bem que assinale o Dia Mundial do Livro com a realização de um Mercado do Livro.



O livro, esse desconhecido...



Quando, em Março de 1455, Johannes Gutenberg terminou a impressão da sua primeira Bíblia, estava a dar vida nova e mais democrática a um objecto raro e caríssimo a que, até então, só poucos conseguiam ter acesso: o livro. A adaptação da prensa vinícola, a invenção de uma tinta que não escorria e dos caracteres móveis que se podiam recombinar em trabalhos sucessivos permitiram a execução de muitas e muitas obras que foram guardando o saber dos homens.
Hoje em dia estamos já muito longe desses objectos, por sua vez tornados raros e valiosos pela passagem do tempo e a evolução das técnicas. Quando se discute o eventual fim do livro impresso, substituído pelas novas tecnologias e suportes digitais, só teremos todos a ganhar se estendermos a mão para um desses objectos que o dicionário define como: "reunião de cadernos, manuscritos ou impressos, cosidos ordenadamente, formando um volume encadernado ou brochado; obra literária ou científica, em prosa ou verso".
E acrescenta algumas expressões: livro de ouro – aquele em que se regista o nome das pessoas que contribuíram para um determinado fim altruístico, ou de visitantes ilustres; livro de caixa – livro que serve para registar as entradas e saídas de fundos; livro-diário – livro em que se regista o débito e o crédito das transações diárias; ser um livro aberto – ser franco, leal, não ter segredos.
E temos ainda os livros de cores: o livro negro (descrição de aspectos negativos de uma qualquer actividade ou sociedade), o livro verde (descrição de uma área de actividade para servir de base a trabalhos nesse campo), o livro branco (é um prolongamento do trabalho apresentado pelo livro branco), o livro amarelo (apresenta regras de funcionamento ou é um livro de reclamações)... todos com funções e significados diferentes.
Também pode ser obra de arte e transformar-se numa sala: até ao dia 27 deste mês, ainda vão a tempo de dar um salto ao Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para verem que a Bruxa está a falar a sério!
E aqui têm uma das casas dos livros mais bonitas que a Bruxa conhece: a biblioteca joanina da Universidade de Coimbra.

O livro tem ainda utilidades várias, que ultrapassam a leitura: ora vejam lá esta hipótese!Mas o certo, certo, é que o livro é sempre uma companhia, uma porta para a fantasia e uma fonte de saber. ‘bora lá ler um livro!

sábado, abril 21

Colegas... Jamie Oliver

Jamie Oliver nasceu em 1975 em Clavering, Essex, Inglaterra. Começou a sua carreira culinária, com a tenra idade de 8 anos, a descascar batatas no The Cricketers, o pub que pertencia aos pais. Aos 11 anos já cortava legumes em Juliana.
Tendo descoberto a sua paixão pela culinária, matriculou-se no Westminster Catering College quando tinha 16 anos. Depois, foi trabalhar como aprendiz para França. Oliver começou a a sua carreira profissional como chefe pasteleiro em Londres, num restaurante chamado The Neal Street Restaurant. Depois passou para o River Café, onde trabalhou como Segundo Chefe.
Em 1998, Oliver apareceu num documentário sobre gastronomia de Natal que foi filmado no River Café. Inicialmente não estava previsto que aparecesse no programa, mas a equipa de filmagens achou-o tão interessante e divertido que deciciram incluí-lo. Após a transmissão do programa, Oliver começou a ser procurado por produtores que procuravam uma cara nova e uma forma diferente de cozinhar e de fazer um programa de culinária.
Ofereceram-llhe um contrato para a televisão e ele teve um tremendo e imediato sucesso ao longo de dois anos – 1998 e 1999 - com a série The Naked Chef, transmitida pela BBC. Posteriormente fez ainda Jamie’s Kitchen e The Return to Jamie’s Kitchen no Channel 4. Os seus programas são transmitidos em todo o mundo e Portugal não é excepção: já passaram na SICMulher, no People&Arts e na BBCPrime.
O que torna os programas de Jamie Oliver tão diferentes? Começamos por acompanhá-lo nas compras para a refeição que vai fazer, que é sempre para alguém específico: a namorada, amigos, alguém que conheceu ou uma personalidade famosa. A sua forma de cozinhar é tudo menos convencional, o tom é de familiaridade, a boa disposição reina (vão ver...), as receitas são fáceis e perfeitamente acessíveis e integráveis na vida quotidiana. Ele tanto faz uma salada, como mega-sanduíches, um prato de massa ou uma carne ou peixe com um ar delicioso. O programa termina com a refeição a ser servida.

Escreveu ainda vários livros de cozinha, alguns dos quais estão traduzidos para português.
Jamie Oliver tem sido sempre um entusiasta das causas sociais relacionadas com comida. Em 2002, criou um restaurante sem fins lucrativos, em Londres: o Fifteen. A ideia era dar formação profissional na área da cozinha e restauração a jovens desempregados ou em risco. A ideia foi outro sucesso e já abriu outros Fifteens em diferentes partes do mundo, nomeadamente na Holanda e na Austrália. Em 2003 foi designado Membre of the British Empire pela rainha Isabel II.

sexta-feira, abril 20

Atenção! Aviso à navegação!


A Bruxa deixou indicações IM-POR-TAN-TES n'A Despensa e pede aos jovens aprendizes que estão a trabalhar naquela... PAP que vão até lá...

Lembram-se do tomate vermelhinho?

Pois esqueçam-no!
Hoje em dia, o tomate já não é (só) vermelho!


A Bruxa foi às compras e encontrou tomate roxo....

Tomate verde....

Amarelinho...



castanho....








e cor-de-laranja...

Não feliz com isso, a Bruxa consultou magos em várias escolas de feitiços um pouco mais avançadas. E descobriu que na do Oregon USA e na de Valencia, España, há quem tenha feito melhor e tenha produzido um...
TOMATE AZUL!!!
Este ganha o prémio da orginalidade, concordem... E o mais é que ajuda a combater o colesterol. A Bruxa está ansiosa por poder comprá-lo num supermercado aqui da zona. Os outros, já experimentou, mas este ainda anda por perto das retortas e tubos de ensaio!

quinta-feira, abril 19

ESCOLHA

A noite, a minha vida adormecida,
o grão-silêncio, grão minha semente
adormecida, grão
com bacalhau, o pão, azeite e vinho…

O bacalhau sugere-me a insígnia
do capitão,
do grumete ou cão
da Terra Nova,
com felpa, botas e touca
de borracha
e com cheiro a sal e a fígado
oleificado.
Outros ingredientes cujo nome sei,
mas não lembro, grão,
semente oculta,
noite que tudo nos fornece,
nada me dá, mas aquece
o que em mim está, o que vive
nela semente, dente,
o ser vivo, esse, esse
irredutível, morte e minha glória.

[…]
Causas perdidas
são as que me dão vida.
Não quero endereçar-me a quem não sirvo:
o capitão, o cão, a face lívida,
a escuna perdida.
Com bacalhau, o grão, vinho e azeite,
tenho-me na vida,
meço o meu limite,
suo eternidade.

Ruy Cinatti, Conversa de Rotina