quinta-feira, abril 26

Registo de baptismo...

Não tem a ver com cozinhas mas é um dos grandes temas de conversa ali para os lados da escola da Amoreira:

É crença comum que William Shakespeare terá nascido no dia 23 de Abril de 1564, dia de S. Jorge, padroeiro de Inglaterra. A data certa poderá ter sido, de facto, 21 ou 22 de Abril, mas a coincidência com uma festa nacional inglesa será, no mínimo, apropriada.
Quando saía do útero materno para o seio do mundo do tempo, com a ajuda de uma parteira, uma criança do século XVI era lavada e “enfaixada”, ou seja, enrolada com firmeza num tecido macio. Depois era levada ao andar de baixo para ser apresentada ao pai. Após esta saudação ritual, era levada de novo para o quarto onde nascera, ainda quente e escuro, onde era colocada junto da mãe. Pensava-se que a mãe “atraía para si todas as doenças da criança” retirando-as do corpo do filho, antes de este ser colocado no berço. De costume, punha-se um pouco de mel e manteiga na boca da criança. Na zona de Warickshire era costume dar ao bebé mioleira de lebre reduzida a geleia.
Ao contrário da data do seu nascimento, a data do baptizado de Shakespeare, é conhecida com exactidão: foi baptizado na igreja da Santíssima Trinade, em Stratford, numa quarta-feira, dia 26 de Abril de 1564. No registo da igreja, o sacristão escreveu: Guilelmus filius Johannes Shakespere. Escorregou no latim, pois deveria ter escrito Johannis.

O bebé Shakespeare foi levado pelo pai da casa onde nasceu, em Henley Street, ao longo de High Street e de Church Street, até dentro da igreja. A mãe nunca estava presente no baptismo. John Shakespeare e o seu filho recém-nascido terão sido acompanhados pelos padrinhos. Nesta ocasião, o padrinho foi William Smith, capelista e vizinho de Henley Street. O nome da criança era-lhe dado antes de ser mergulhada na pia e de lhe fazerem o sinal da cruz na fronte. Junto da pia baptismal, os padrinhos eram exortados a garantir que William Shakespeare escutaria sermões e aprendesse o Credo assim como o Pai-Nosso “na língua inglesa”. Após o baptismo, colocava-se um tecido branco sobre a cabeça da criança, que ali permanecia até a mãe ter sido purificada: chamava-se “pano de baptismo” e se a criança morresse antes do mês, era usado como mortalha. A cerimónia da fé reformada anglicana, no tempo de Isabel, ainda favorecia a oferta de colheres dos Apóstolos ou camisas de baptizado à criança, dados pelos padrinhos, e a partilha de um bolo de baptizado como celebração. Estavam, ao fim e ao cabo, a celebrar a salvação eterna do jovem William Shakespeare.

Shakespeare, Peter Ackroyd, 2005



8 comentários:

Anónimo disse...

Também diz por aí que morreu no mesmo dia.

A Bruxa das PAPs disse...

No mesmo dia de quê? Do baptismo? Naaaaa... Ande um bocadinho mais para trás aqui n'A Cozinha e fica a saber tudo...

Anónimo disse...

no mesmo dia em que nasceu

Anónimo disse...

ou supostamente nasceu

Gaius disse...

Não tem nada a ver com shakespeare mas há muito tempo tento encontrar o post sobre o Napoleão que a professora disse que havia e não encontro. Este blog precisa de um mapa...

A Bruxa das PAPs disse...

Ai estes imperadores que não sabem encontrar as coisas que querem! Como é que é posível que tenham conquistado a Europa toda? Mas já que César quer conhecer Napoleão, de quem foi, aliás, fonte de inspiração, aqui vai um conselho: desloque-se até à Despensa... E aí, na parte superior esquerda do monitor, encontrará uma janela que diz: Search this blog. E mais não direi...

Gaius disse...

Naquela altura não havia NET! =P Obrigado

A Bruxa das PAPs disse...

You have a point...