terça-feira, junho 26

As coisas que vocês comem - a batata

Este post é dedicado ao Alexandre. Ele sabe porquê...
1540 – Os primeiros europeus a verem uma batata foram Pedro de Cieza de Leon (1518–1560), conquistador espanhol, e os seus companheiros. Sendo também historiador, deixou umas Crónicas do Peru (1540) em que conta:
"Nos arredores de Quito os habitantes têm milho e outra planta que em grande parte sustenta a sua existência: as batatas, que são raízes parecidas com tubérculos. Quando são fervidas ficam parecidas com as castanhas cozidas, secas ao sol recebem o nome de chuno e são conservadas para uso futuro."

1565 – O explorador espanhol Gonzalo Jiminez de Quesada (1499-157 levou a batata para Espanha no lugar do ouro que não encontrou. Os espanhóis pensaram que era uma espécie de trufa e chamaram-lhe tartuffo. Depressa as batatas se tornaram um alimento-base dos navios espanhóis porque repararam que os marinheiros que as comiam não apanhavam escorbuto. A batata chegou a Itália e a Inglaterra por volta do ano de 1585, à Bélgica e Alemanha em 1587, à Áustria em 1588 e a França por volta de 1600. Em todos os lugares onde se introduziu a batata esta foi considerada maléfica, venenosa e absolutamente má.

Em França. Como noutros lugares, a batata foi acusada de provocar não só a lepra como também a sífilis, a narcose (vão ao dicionário!), a escrófula, a morte precoce, a esterilidade e uma sexualidade descontrolada. Consideravam também que destruía os solos. Gerou-se tanta oposição à batata que em Besançon, se publicou o seguinte édito:


“Dado o facto de a batata ser uma substância perniciosa cujo consumo pode provocar a lepra, proíbe-se de ora avante, sob pena de multa, o seu cultivo.”

1589 - Sir Walter Raleigh (1552-1618), explorador inglês, trouxe as batatas para a Irlanda e plantou-as na sua propriedade em Myrtle Grove, perto de Cork. Diz a lenda que ofereceu a planta da batata a Isabel I. A nobreza local foi convidada para um banquete real, que apresentava batatas em todos os pratos. Infortunadamente, os cozinheiros não conheciam a batata, deitaram fora os tubérculos e trouxeram à mesa real um prato feito a partir dos caules e folhas fervidos (que são venenosos) que rapidamente fez adoecer gravemente toda a gente. As batatas foram então banidas da corte.

1771 - Antoine-Augustin Parmentier (1737-1813), químico militar e botânico francês, ganhou um concurso patrocinado pela Academia de Besançon para encontrar um alimento “capaz de reduzir as calamidades da fome” com o seu estudo sobre a batata intitulado Exame Químico da Batata. Diz a história que foi feito prisioneiro pelos prussianos e que foi forçado a sobreviver com uma dieta de batatas. Também veio a servir banquetes em que todos os pratos tinham batata. Há muitas receitas que ainda têm o seu nome.


Em 1785, Parmentier persuadiu Louis XVI, rei de França, a encorajar o cultivo da batata. O rei permitiu que ele fizesse uma grande plantação mesmo às portas de Paris, plantação que foi guardada por soldados armados. Este facto despertou a curiosidade popular e as pessoas concluíram que uma coisa que estava tão fortemente guardada deveria ser valiosa. Uma noite, Parmentier deu folga aos soldados e os lavradores da zona, como ele já esperava, foram ao campo, roubaram as batatas e plantaram-nas nas suas propriedades. A partir daí, o hábito de plantar e comer batatas generalizou-se. Diz-se que Maria Antonieta usava muitas vezes flores de batateira no cabelo. Seguindo o exemplo da rainha, muitas damas usavam-nas também.

3 comentários:

Gaius disse...

Inteligente esse senhor Louis XVI!

Anónimo disse...

Impressionante a forma como a batata evoluiu...
Agora até já se faz puré...

Muito obrigado professora por este post maravilhoso...



P.S.:Tem de experimentar puré com pão, vai ver que e espantoso...

A Bruxa das PAPs disse...

AAAAaaaaaiiiiii!!!!!!