domingo, janeiro 28

Cozinha Alquímica

Certas especialidades gastronómicas não ficam a gosto se não passarem por um processo culinário que leva o inesperado nome de banho Maria. É uma criação de alguns séculos e que, inicialmente, pouco ou nada tinha a ver com a culinária, mas sim com mistérios mais profundos.
Maria Cleophas, uma judia que viveu na alta Idade Média, é ainda hoje considerada como das grandes figuras da alquimia. Escreveu (ou atribui-se-lhe) uma arte de fabricar ouro, que denominou de «Chrisopeia», um tratado de pesos e medidas e um outro sobre destilação.
Em cópias tardias do século X, essas obras ainda podem ser lidas, em Veneza, no conhecido «Manuscrito de S. Marcos», familiar, de nome, pelo menos, aos que se interessam por estes assuntos ocultos.
Das criações de Maria Cleophas, que se intitulava Cleopatra-a-Sábia, avulta o kerotakis, uma espécie de barril fechado (hermético seria mais conveniente para condizer com a alquimia) que servia para processos de destilação.
Do kerotakis surgiu o vulgaríssimo «banho Maria», indispensável, por exemplo, para produzir pudim em condições. (E mousse de chocolate à maneira! E molho holandês...)
Para quem gosta de doces, talvez melhor do que uma duvidosa pepita de ouro no fundo de um cadinho.

Sem comentários: