sexta-feira, fevereiro 9

Arnold Wesker por ele mesmo...

Bom, já vai sendo tempo de irem começando a conhecer o nosso empregado do mês. Por isso, a Bruxa dá hoje início à publicação de uma série de pequenos excertos da auto-biografia do rapaz, no intuito de vos ir familiarizando com alguns aspectos da sua vida e obra, que podem vir a ser importantes na preparação do vosso trabalho. Cá vai, então, o primeiro, escrito entre 1992-1994:
«Um amigo enviou-me um recorte do Times, com um artigo sobre Mozart:

A incapacidade de Mozart em conceber que poderia ser um falhanço, mesmo quando os seus concertos eram um desastre, constituía, de acordo com alguns psicólogos, uma parte essencial do seu génio. […] Falhanço e derrota não faziam parte do seu vocabulário e a noção de que o destino poderia estar contra ele, mesmo quando sofria uma série de reveses, era inconcebível…
Em 1790, após um concerto desastroso em Frankfurt, Mozart escreveu à mulher: “O meu concerto… foi um sucesso esplêndido do ponto de vista da honra e glória mas um fracasso no que toca a dinheiro. Infelizmente, um príncipe qualquer dava um déjeuner e as tropas de Hesse estavam em grandes manobras. Mas… eu estava em tão boa forma… que me imploraram que fizesse outro concerto no sábado.”
Releio material que já tinha posto de parte ou rejeitado e todas as minhas extremidades nervosas registam sentido e qualidade. Respeitei o meu material. O único conceito de arte para o qual tenho alguma – pouca – paciência é “arte como meio de auto-expressão”. O que prende o meu interesse no trabalho dos outros escritores é a qualidade do seu intelecto, das suas visões poéticas aplicadas à compreensão do seu material. Fico incomodado com escritores que limitam o seu material com as camisas-de-forças de maneirismos pessoais ou truques de diálogo reconhecíveis à primeira vista, e que mais tarde são erradamente assumidos como a sua “voz” ou o seu “estilo”. Não sou desses. Uma vez crente do poder e significado do meu material, deixo que este determine o seu estilo inerente.
Sempre se disse que o tempo o dirá. No entanto, o meu estado de espírito oscila entre tenebrosas dúvidas suicidas e uma profunda fé Mozartiana na concretização e bom resultado do meu trabalho.»

2 comentários:

Anónimo disse...

Vai ser bom ir descobrindo coisas(e de fonte segura) sobre o senhor Wesker

A Bruxa das PAPs disse...

A "fonte segura" é a autobiografia do próprio... Mais segura do que isto será difícil!