sábado, fevereiro 10

Cinco horas


Minha mesa do Café,
Quero-lhe tanto… A garrida
Toda de pedra brunida
Que linda e que fresca é!

Um sifão verde no meio
E, ao lado, a fosforeira
Diante do meu copo cheio
Duma bebida ligeira.

(Eu bani sempre os licores
Que acho pouco ornamentais:
Os xaropes têm cores
Mais vivas e mais brutais)

Sobre ela posso escrever
Os meus versos prateados,
Com estranheza dos criados
Que me olham sem perceber...

Numa atitue alheada,
Sobre ela descanso os braços
Buscando pelo ar os traços
Da minha vida passada.

Mário de Sá-Carneiro

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