segunda-feira, fevereiro 26

Ginástica(s)

Como há muito tempo que não têm um puzzlezinho, aqui fica mais um. É para irem treinando esses raciocínios para cavalgadas mais altas. Como esta.

ADIVINHA

Preto por fora amarelo por dentro, bufas à roda e um pau dentro!?

PROVÉRBIO

Não comas muito queijo... ???

domingo, fevereiro 25

Café com leite...

O letreiro que colocou no cachaço da vaca era um sinal exemplar da forma como os habitantes de Macondo estavam dispostos a lutar contra o esquecimento. "Isto é uma vaca. É preciso ordenhá-la todas as manhãs para que produza leite e o leite serve para se misturar no café e fazer café com leite."
Assim continuaram a viver numa realidade escorregadia, momentaneamente apanhada pelas palavras, mas que haveria de se escapar sem remédio quando esqueceram os valores da letra escrita.
Gabriel García Marques, Cem Anos de Solidão, [Capítulo 3]

sábado, fevereiro 24

Qual é coisa, qual é ela...? - 2

Dada a recepção do primeiro par de adivinha e provérbio, aqui vai outro:

ADIVINHA:

Tem cabeça
e não tem pescoço;
Tem dentes,
sem ser de osso.
O que é?

PROVÉRBIO:

Não há amor como o primeiro, nem pão... ????

As coisas que vocês comem... 2

Origens da mayonnaise

A origem deste molho é controversa. Existia já um certo número de molhos do mesmo género antes do séc. XVIII como, por exemplo, o aïoli e a bayonnaise. A mayonnaise entra na História com o nome de Mahonnaise, a meio do séc. XVIII, como recordação da tomada da fortaleza de Port-Mahon na Menorca (Baleares) por Louis-François-Armand du Plessis de Richelieu. Confrontados com a escassez de bens alimentares, os cozinheiros do exército francês tiveram de se contentar durante algum tempo com ovos e azeite. Foi assim que, por acaso, surgiu a primeira mayonnaise. O regresso do exército a França, onde não se conheciam outros molhos que não os ligados (com natas, por exemplo) e cozinhados (como o molho branco), ofereceu novas possibilidades à cozinha francesa, graças a este molho que é apenas batido , «à la mode de Richelieu». No séc. XIX, o grande chef Carême confere um novo estilo mais ligeiro e requintado à cultura gastronómica. A sua mayonnaise «suave e dliciosa» será frequentemente mencionada em escritos da época, e ele tornou-a famosa por toda a Europa até à Inglaterra e à Rússia.
Hoje em dia, a mayonnaise faz parte integrante dos nossos hábitos culinários. Tornou-se indispensável em inúmeras preparações, quer seja em saladas, sanduíches, espargos ou para acompanhar carne ou peixe. É ainda utilizada para decorar pratos, tornando-os mais agradáveis.

sexta-feira, fevereiro 23

Todas as colaborações são fundamentais...


As colaborações dos aprendizes de feiticeiro continuam a chegar. Um dos nosso futuros cozinheiros andou a vaguear pelo Youtube e descobriu a sequência da abertura d'A Cozinha do nosso Empregado do Mês, num teatro em Espanha. Cá vai ela. Mais uma vez, o autor da descoberta decidirá se quer ou não dizer quem é. Eu sei...

A Bruxa, na sua versão tradutora, pode tranquilizar as almas mais inquietas: a referida sequência há muito que está traduzida e guardada em segurança num cofre bem aferrolhado.

quinta-feira, fevereiro 22

Ó limão, ó verde limão...



...amor da minh'alma
dá-m'a tua mão!

O limão... conhecem o limão? Ia nas caravelas para prevenir o escorbuto. E porque é que nos esquecemos dele? Pois é... Não pode ser! É que o limão é muito útil.

Em sumo, puro, ajuda nas afecções e dores de garganta e aftas porque tem uma poderosa acção antibacteriana. O sumo de um limão, misturado num pouco de água quente, bebido em jejum, dizem os naturalistas, estimula o fígado e o pâncreas. Os limões são ricos em bioflavonoides, limoneno e mucilagem, sendo esta última um benéfico protector das paredes do estômago e do tracto intestinal. Sumo de limão quente, com mel, ao deitar, é um remédio clássico para tosses e constipações. Puro, limpo de impurezas, aplicado com uma cotonete nas borbulhas com pus, é um poderoso bactericidade e combate bem o acne; diluído em água quente em partes iguais é uma excelente loção de limpeza da cara (depois das (des)maquilhagens!). Para quem sofra de frieiras - e não tenha a pele estalada! - esfregar uma rodela de limão com sal ajuda a acalmar a pele.

Tudo isto se deve, em grande parte, à quantidade de vitamina C que existe em cada limão. Ia nas caravelas, lembram-se? Contra o escorbuto? É que o escorbuto deve-se a uma carência da dita vitamina C.

Além disso, o chá da casca do dito com uma colher de mel faz milagres a uma voz cansada.

Bute lá beber limão. E repito: não, não faz mal ao estômago...


Mas o limão ainda tem outras qualidades escondidas: com ele podem iluminar o mundo. Aqui vai, então, a receita:


Ingredientes:

1 clip
1 moeda de cobre (1, 2 ou 5 cêntimos)
2 fios de cobre
1 lâmpada tipo led

Execução:

Enrolem uma ponta de cada fio ao clip e à moeda.
Espetem o clip e a moeda no limão.
Juntem as outras duas pontas dos fios na base de uma lâmpada fraquinha. Acende, vão ver!

quarta-feira, fevereiro 21

Qual é coisa qual é ela...?

No seguimento do anúncio de novas e variadas atracções deste cantinho da blogosfera, decidiu a Bruxa lançar um concurso de adivinhas e provérbios. Ao longo dos próximos meses serão aqui publicados, alternadamente, provérbios para completar e adivinhas para… adivinhar. A única ajuda que têm é que as respostas estarão SEMPRE relacionadas com alimentos, utensílios de cozinha, costumes ligados à agricultura e outros elementos relacionados com o tema que nos prende e que dá o nome a este espaço.
Agora, o mais importante: no fim da publicação de toda a série – lá para os lados do final de Maio, início de Junho – serão publicados os vencedores deste desafio. E haverá três: para quem tiver resolvido mais adivinhas, para quem tiver completado mais provérbios e para o génio que tiver mais respostas certas nas duas categorias. Escusado será dizer que haverá um prémio bruxal à espera de cada um dos três. Neste desafio não interessa quem acerta primeiro mas quem acerta MAIS. Ou seja, pelo facto de existir já uma resposta, não quer dizer que, primeiro: esteja certa, e segundo: não possa haver repetições. Por isso, não desanimem e tentem a vossa sorte.
A competição é aberta a toda a comunidade da EPTC e a forma de participar é fácil: a partir dos comentários – sempre identificados – poderão fazer as vossas propostas. No fim, saberão as respostas certas.
Aqui fica o primeiro desafio:

ADIVINHA:

Sou um fruto de Outono.
Quando chego a amadurecer,
dou um trabalhão ao dono
se ele me quiser comer.

PROVÉRBIO:
Não há mau pão… ??????

terça-feira, fevereiro 20

Mas os Stomp têm primos!



E aqui têm fotografias de outro espectáculo que há muitos anos é um sucesso mundial. Estreado em Seul, este espectáculo coreano tem corrido o mundo sem nunca interromper os espectáculos no Nanta Theatre, construído espressamente para ele. Os vários elencos - identificados por cores - alternam na sequência de três espectáculos diários e digressão. Estiveram em Portugal há dois anos, no C.C.B.

Sem palavra, conta a história da elaboração de um banquete de casamento, num restaurante muito especial.


Infelizmente, o Nanta Cookin' NÃO está no YouTube. Fica a vossa imaginação...

Um exemplo a seguir...

Lembram-se dos Stomp? Foram à cozinha e aqui têm uma amostra do trabalho deles. Um exemplo a seguir, que me dizem? Acrescento ainda que estou muito contente por o Carnaval me ter trazido a primeira colaboração de um dos aprendizes de feiticeiro deste ano! Não fui eu quem descobriu isto... Foi o ***** (se ele quiser, ele identifica-se!).

As coisas que vocês comem...



Ketchup – Também escrito Catsup, é um condimento líquido condimentado muito utilizado no mundo ocidental por influência directa dos EUA e Inglaterra. O Ketchup americano é um puré adocicado feito de tomates, cebolas e pimentos verdes, temperados com vinagre, sal e especiarias e que é “despejado” em cima de tudo, especialmente carne e batatas fritas.
O Catsup já existia muito antes de os americanos saberem o que é um tomate. Originário do Extremo Oriente, era um molho de peixe avinagrado e soja. O molho foi trazido para a Europa por marinheiros holandeses e ingleses. Aqui lhe juntaram os cogumelos. Não se sabe com precisão quando e onde se teve a ideia de juntar o tomate. Com o tempo, o peixe desapareceu da composição e o molho de cogumelos ganhou autonomia.
A palavra surge dicionarizada pela primeira vez em 1690 em A New Dictionary of the Terms Ancient and Modern of the Canting Crew, definida como "um molho da Índia Oriental".
Em 1801, surge pela primeira vez uma receita de ketchup num livro de cozinha americano, The Sugar House Book. Mas é a partir de 1876, quando J. Heinz lançou o seu ketchup que o fenómeno atinge níveis inesperados e uma popularidade que ainda hoje se mantém.

segunda-feira, fevereiro 19

O arroz de favas do Jacinto...

Uma formidável moça, de enormes peitos que lhe tremiam dentro das ramagens do lenço cruzado, ainda suada e esbraseada do calor da lareira, entrou esmagando o soalho, com uma terrina a fumegar. E o Melchior, que seguia erguendo a infusa do vinho, esperava que Suas Incelências lhe perdoassem porque faltara tempo para o caldinho apurar… Jacinto ocupou a sede ancestral – e durante momentos (de esgazeada ansiedade para o caseiro excelente) esfregou energicamente, com a ponta da toalha, o garfo negro, a fusca colher de estanho. Depois, desconfiado, provou o caldo, que era de galinha e rescendia. Provou – e levantou para mim, seu camarada de misérias, uns olhos que brilharam, surpreendidos. Tornou a sorver uma colherada mais cheia, mais considerada. E sorriu, com espanto: - Está bom!

Foi ele que rapou avaramente a sopeira. E já espreitava a porta, esperando a portadora dos pitéus, a rija moça de peitos trementes, que enfim surgiu, mais esbraseada, abalando o sobrado – e pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas!... Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que o pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado:
- Óptimo! … Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!
E por esta santa gula louvava a serra, a arte perfeita das mulheres palreiras que em baixo remexiam as panelas, o Melchior que presidia ao bródio…
- Deste arroz com fava nem em Paris, Melchior amigo!

O homem óptimo sorria, inteiramente desanuviado:
- Pois é cá a comidinha dos moços da quinta! E cada pratada, que até Suas Incelências se riam… Mas agora aqui, o sr. D. Jacinto, também vai engordar e enrijar!
O bom caseiro sinceramente cria que, perdido nesses remotos Parises, o senhor de Tormes, longe da fartura de Tormes, padecia fome e mingava… E o meu Príncipe, na verdade parecia saciar uma velhíssima fome e uma longa saudade da abundância, rompendo assim, a cada travessa, em louvores mais copiosos. Diante do louro frango assado no espeto e da salada que ele apetecera na horta, agora temperada com um azeite da serra digno dos lábios de Platão, terminou por bradar: - É divino! – Mas nada o entusiasmava como o vinho de Tormes, caindo de alto, da bojuda infusa verde – um vinho fresco, espero, seivoso, e tendo mais alma, entrando mais na alma, que muito poema ou livro santo. Mirando, à vela de sebo, o copo grosso que ele orlava de leve espuma rósea, o meu Príncipe, com um resplendor de optimismo na face, citou Virgílio:
- Quo te carmina dicam, Rethica? Quem dignamente te cantará, vinho amável destas serras?
A cidade e as serras, Eça de Queirós

domingo, fevereiro 18

De regresso...

Tudo o que é bom acaba depressa... Depois de ter visitado alguns amigos, a Bruxa já aterrou em terras lusas. Mas, desde já anuncia o aparecimento neste espaço de grandiosas novidades. Fiquem atentos...

O Empregado do Mês viajou com ela e tiveram grandes conversas. Por isso, a Despensa da Bruxa receberá muito em breve novo e abundante material.

sexta-feira, fevereiro 16

As Férias da Bruxa...



A Bruxa não trouxe a tecnologia mas houve quem o fizesse. E para mostar que ela não se esquece dos aprendizes de feiticeiros e estudantes de magia que deixou em Cascais, aqui fica uma escultura muito apropriada ao tema que nos une: a cozinha. Mais precisamente, o tacho de cobre.

Está pendurada ao lado da porta de um restaurante e desempenha também a função de candeeiro.

quinta-feira, fevereiro 15

Aviso às hostes...



A Bruxa vai voar daqui para fora durante uns dias e não leva a tecnologia. Por isso, até segunda-feira não esperem grandes novidades aqui na Cozinha. Também dei folga aos fornecedores da Despensa. Tenham um bom fim-de-semana.

quarta-feira, fevereiro 14

Dia de S. Balentim...

Vá lá... não é uma tradição portuguesa, mas os nossos namorados eram inspiradíssimos. Ora vejam lá este bordado...
E, para não perder a boleia, aqui fica a história:

Existem várias teorias relativas à origem de São Valentim e à forma como este mártir romano se tornou o patrono dos apaixonados. Uma das histórias retrata o São Valentim como um simples mártir que, em meados do séc. III d.C., havia recusado abdicar da fé cristã que professava. Outra defende que, na mesma altura, o Imperador Romano Claudius II teria proibido os casamentos, para assim angariar mais soldados para as suas frentes de batalha. Um sacerdote da época, de nome Valentim, teria violado este decreto imperial e realizava casamentos em sigilo absoluto. Este segredo teria sido descoberto e Valentim teria sido preso, torturado e condenado à morte. Ambas as teorias apresentam factores em comum, o que nos leva a acreditar neles: São Valentim fora um sacerdote cristão e um mártir que teria sido morto a 14 de Fevereiro de 269 d.C.

terça-feira, fevereiro 13

Constipações, Tosses & Gargantices

Nesta época de frio e chuva em que anda tudo ranhoso e com dores de garganta, aqui fica um truque. O vapor de ervas é um bom tratamento natural para narizes tapados ou problemas de respiração. O vapor abre os canais nasais ao mesmo tempo que os óleos voláteis das ervas são inalados e entram na corrente sanguínea. Vão precisar de uma panela com água a ferver, uma toalha e óleos essenciais (nas lojas de produtos naturais) ou as plantas frescas (no supermercado ou no jardim). Deitem as plantas ou umas gotas (3 ou 4 para cada 0,5l de água) de óleo na água, deixem-na ferver e, com uma toalha na cabeça a formar uma espécie de “tenda”, respirem o vapor durante algum tempo.
Bronquite e tosse – eucalipto, alfazema, tomilho
Constipações – camomila, pinheiro
Laringite e dores de garganta – tomilho.

segunda-feira, fevereiro 12

Nova semana...

Agora que a despensa está a começar a receber produtos novos, e apesar de alguns narizes torcidos, aqui fica mais um exercício e outro para exercitarem os neurónios. Vão precisar deles (os neurónios, não os narizes!) bem animados...

domingo, fevereiro 11

É hoje...

Após muito tempo de discussão, de troca de argumentos e do tempo de reflexão que a lei prevê, chegou o dia do referendo sobre a Despenalização Voluntária da Gravidez. Sei que o dia não está famoso mas esqueçam a preguiça, dêem um salto à vossa Assembleia de Voto e escrevam lá a cruzinha (ou não).
É preciso resolver este assunto de uma vez por todas. Por isso, votem sim ou votem não, mas VOTEM!

sábado, fevereiro 10

Cinco horas


Minha mesa do Café,
Quero-lhe tanto… A garrida
Toda de pedra brunida
Que linda e que fresca é!

Um sifão verde no meio
E, ao lado, a fosforeira
Diante do meu copo cheio
Duma bebida ligeira.

(Eu bani sempre os licores
Que acho pouco ornamentais:
Os xaropes têm cores
Mais vivas e mais brutais)

Sobre ela posso escrever
Os meus versos prateados,
Com estranheza dos criados
Que me olham sem perceber...

Numa atitue alheada,
Sobre ela descanso os braços
Buscando pelo ar os traços
Da minha vida passada.

Mário de Sá-Carneiro

sexta-feira, fevereiro 9

Arnold Wesker por ele mesmo...

Bom, já vai sendo tempo de irem começando a conhecer o nosso empregado do mês. Por isso, a Bruxa dá hoje início à publicação de uma série de pequenos excertos da auto-biografia do rapaz, no intuito de vos ir familiarizando com alguns aspectos da sua vida e obra, que podem vir a ser importantes na preparação do vosso trabalho. Cá vai, então, o primeiro, escrito entre 1992-1994:
«Um amigo enviou-me um recorte do Times, com um artigo sobre Mozart:

A incapacidade de Mozart em conceber que poderia ser um falhanço, mesmo quando os seus concertos eram um desastre, constituía, de acordo com alguns psicólogos, uma parte essencial do seu génio. […] Falhanço e derrota não faziam parte do seu vocabulário e a noção de que o destino poderia estar contra ele, mesmo quando sofria uma série de reveses, era inconcebível…
Em 1790, após um concerto desastroso em Frankfurt, Mozart escreveu à mulher: “O meu concerto… foi um sucesso esplêndido do ponto de vista da honra e glória mas um fracasso no que toca a dinheiro. Infelizmente, um príncipe qualquer dava um déjeuner e as tropas de Hesse estavam em grandes manobras. Mas… eu estava em tão boa forma… que me imploraram que fizesse outro concerto no sábado.”
Releio material que já tinha posto de parte ou rejeitado e todas as minhas extremidades nervosas registam sentido e qualidade. Respeitei o meu material. O único conceito de arte para o qual tenho alguma – pouca – paciência é “arte como meio de auto-expressão”. O que prende o meu interesse no trabalho dos outros escritores é a qualidade do seu intelecto, das suas visões poéticas aplicadas à compreensão do seu material. Fico incomodado com escritores que limitam o seu material com as camisas-de-forças de maneirismos pessoais ou truques de diálogo reconhecíveis à primeira vista, e que mais tarde são erradamente assumidos como a sua “voz” ou o seu “estilo”. Não sou desses. Uma vez crente do poder e significado do meu material, deixo que este determine o seu estilo inerente.
Sempre se disse que o tempo o dirá. No entanto, o meu estado de espírito oscila entre tenebrosas dúvidas suicidas e uma profunda fé Mozartiana na concretização e bom resultado do meu trabalho.»

quinta-feira, fevereiro 8

Em dia de ressaca televisiva...


Já que a senhora ganhou um prémio ontem, vamos lá incluí-la na nossa selecção...

RITMOS


E descascar ervilhas ao ritmo de um verso:
a prosódia da mão, a ervilha dançando
em redondilha.
Misturar ritmos em teia apertada: um vira
bem marcado pelo jazz, pas
de deux
: eu, ervilha e mais ninguém

De vez em quando o salto: disco sound
o vazio pós-moderno e sem sentido
Ah! hedónica ervilha tão sozinha
debaixo do fogão!

As irmãs recuperadas ainda em anos 20
o prazer da partilha: cebola, azeite
blues desconcertantes, metamorfose em
refogados rítmicos

(Debaixo do fogão
só o silêncio frio)

Ana Luísa Amaral

quarta-feira, fevereiro 7

Muita m...

É hoje! Vá lá, gente, vamos apoiar os nossos jovens actores no S. Luiz. Saindo do comboio no Cais do Sodré é só subir um bocadinho. A sessão começa às 21horas e não há-de acabar muito tarde...

terça-feira, fevereiro 6

A Marginal a Pé...



Ena! Parabéns a Cascais!

Façam o favor de se sentirem orgulhosos de trabalharem (?) e viverem numa vila que trabalha para o verde (passe a repetição). E a acção deste ano valeu-lhe um prémio que acaba de ser anunciado. Para quem não sabe, entre outras coisas, fez-se uma animada caminhada pela Marginal, entre o Estoril e a baía de Cascais. O desporto sénior apareceu em força.

Espero que, na próxima edição, haja muitos alunos da E.P.T.C. a fazer companhia aqui à Bruxa.

Os olhos também comem...

Sabem o que é uma estilista culinária? É aquela pessoa que prepara a comida para aguentar horas e horas de projectores durante um filme, uma sessão de fotografia ou a apresentação de um projecto, sem perder o ar apetitoso e fresco que nos faz desejar comê-la. Em Portugal temos algumas. Podem conhecê-las nesta cozinha
Já agora, para se entreterem, aqui vai um pequeno exercício de estilismo culinário para olearem esses neurónios.

Alunos da EPTC no Ciclo Novos Actores

Na próxima quarta-feira, pelas 21.00h, no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, os alunos Tomás Alves, Joana Castro, Mafalda Castro, Luís Lobão e José Redondo vão apresentar no Ciclo Novos Actores 2007 a peça T.V. Você, da autoria de Luís Lobão. Uma vez que a entrada é livre, espera-se que a EPTC compareça em peso.
Desde já, enviamos aos cinco os nossos parabéns por terem chegado à fase final e, já agora, como se costuma dizer nestas ocasiões: muita merda.

domingo, fevereiro 4

Dia de (des)Aniversário

Hoje, na visita ao Museu Nacional do Teatro que quase todos vocês NÃO fizeram, a Bruxa e os ajudantes que com ela estiveram tiveram a oportunidade de ver fotografias d'A Cozinha, da Luzia Maria Martins. Estão guardadas nas catacumbas que o aniversário do museu permitiu ver. Foi muito interessante...

Um Macbeth de Fugir

Há coisas que nunca vou perceber, uma delas é como é que é possível pegar numa das melhores tragédias de sempre e transformá-la em nada, em zero.
Foi, sem dúvida, uma das piores coisas que vi na minha vida (o senhor encenador chama-se Bruno Bravo e deixo-lhe aqui duas informações e uma pergunta:
1) se o objectivo era uma recriação das encenações do século XVII, enganou-se redondamente, uma vez que de certeza que os King’s Men faziam aquilo de uma forma bem mais animada
2) O Macbeth não é nenhum bêbado, de maneira que, das duas uma: ou o senhor não percebeu a peça, ou o João Lagarto estava bêbado (e com falta de ar). De uma maneira ou de outra, a responsabilidade/ incompetência é sempre sua.
3) À saída ainda ouvi alguns actores a comentarem - entre risos - que «ele hoje nem esteve muito mal». Ora, se nem esteve muito mal, como é que será nos dias em que está péssimo?)

Alunos da EPTC, do 1º ao 3º ano, a não ser que queiram ver como é que não se deve representar/ encenar uma peça, até ao dia 15 de Março, fujam do Teatro da Trindade. Evitem este Macbeth a todo o custo, não vão ficar a pensar que aquilo é Shakespeare.

Notícias da Bruxa...

Após 24 horas de ausência da blogosfera devido a uma desactualização informática - como bruxa, lido melhor com o caldeirão, as retortas e o alambique do que com esta coisa que agora arranjaram... computador, certo? - eis-me de regresso para vos alimentar o espírito e confortar o coração.
Tal como prometido, às 10h15m, estarei à porta do Museu Nacional do Teatro.
Entretanto, aquele meu jovem colega muito famoso atrasou-se. Sendo já um recordista absoluto de pré-vendas, só chegará aos escaparates das livrarias no próximo dia 21 de Julho. Para mais notícias, é favor entrar em contacto directo com a bruxa-mor.
Ah! É verdade! Há novos produtos nas prateleiras da minha despensa.

Ementa

No dia 1 de Junho de 1912, um comensal anónimo, descreveu a ementa do almoço que acabara de comer:


«Sopa de marisco será
O que primeiro comerá;
E logo em seguida virão
Bons pastéis de camarão;
Emborque-lhe o branco vinho
Que o Monteiro dá, amiguinho.
Algum frango em cabidela
E pr’a apanhar a piela
Regue-o co’a pinga danada
Que antes da vitela assada
O cidadão tem provado.
Vem sobremesa com ralé
Bebe-se logo o café,
E, se mal jantado ficar,
Vá àquela parte cear.»

sexta-feira, fevereiro 2

Festa de Aniversário

Recorrendo a meios modernos - ai que saudades da bola de cristal! - falei para o Museu Nacional do Teatro e estão a contar connosco: os alunos e professores da EPTC serão muito bem vindos, no domingo.
Como não tenho vassouras que cheguem para todos - esgotaram-me os stocks por causa da próxima chegada do último Harry Potter - vou dar-lhes uma ou duas indicações acerca do caminho. Ponham-se no Campo Grande - a pé, a nado, de bicicleta, patins, skate, carro ou comboio - e depois é só seguirem pela Calçada de Carriche. De autocarro, de preferência, porque é sempre a subir... Nos segundos semáforos têm de virar à esquerda. É fácil, há setas a indicar o Museu. Se se perderem, têm o meu telemóvel. 10h15m da manhã, não se atrasem!

Molho de Rosas Vermelhas



12 rosas, de preferência vermelhas
12 castanhas
2 colheres de fécula de milho
2 gotas de essência de rosas
2 colheres de anis
2 colheres de mel
2 alhos
1 pythaia

Desprendem-se com muito cuidado as pétalas das rosas, procurando não picar os dedos, pois além de ser muito doloroso (picar-se), as pétalas podem ficar impregnadas de sangue e isto, além de alterar o sabor do prato, pode provocar reacções químicas muitíssimo perigosas.
[…]
Tita apertava as rosas com tal força contra o peito que, quando chegou à cozinha, as rosas, que inicialmente tinham uma cor rosada, já se tinham tornado vermelhas por causa do sangue das mãos e do peito de Tita. Tinha de pensar rapidamente no que fazer com elas. Estavam tão lindas! Era impossível deitá-las para o lixo, primeiro porque antes nunca tinha recebido flores e depois porque tinham sido dadas por Pedro. De repente ouviu claramente a voz de Nacha, ditando-lhe ao ouvido uma receita pré-hispânica em que se utilizavam pétalas de rosas. Tita já a tinha meio esquecida….
[…]
Depois de se desfolhar as pétalas moem-se no almofariz juntamente com o anis. À parte, põem-se a dourar as castanhas no comal,* previamente descascadas e cozidas na água. Depois, fazem-se em puré. Os alhos são finamente picados e alouram-se na manteiga; quando já estão louros junta-se-lhes o puré das castanhas, a pithaya** moída, o mel, as pétalas de rosa e sal a gosto. Para que o molho fique um pouco mais espesso podem juntar-se-lhe duas colherzinhas de fécula de milho. Por último, passa-se por um tamis*** e juntam-se-lhe só duas gotas de essência de rosas, não mais, pois corre-se o perigo de ficar demasiado perfumado e estragar o sabor. Assim que estiver apurado retira-se do lume.
[…]
O aroma da essência de rosas é tão penetrante que o almofariz que se utilizava para moer as pétalas ficava impregnado durante vários dias.

*Comal – Disco de barro ou de metal que se usa para cozer tortillas.
**Pithaya – Fruto silvestre tropical (cardo-ananás)
***Tamis - Peneira de fio de seda, de malha muito unida, usada em farmácia, laboratório e doçaria.

Laura Esquível, "Março. Codornizes em Pétalas de Rosas", Como Água para Chocolate, Porto, Edições Asa, 1993

quinta-feira, fevereiro 1

Para as dores de garganta, rouquidão e falta de voz...

O Gengibre (Zinziber officinale)

Para os chineses o rizoma seco e o fresco têm propriedades diferentes, sendo o fresco recomendado para tratar febres, dores musculares, de cabeça e constipações, enquanto seco é utilizado para aliviar o «excesso de frio interno», como pés e mãos, pulso fraco e palidez. Combate vários enjoos [é verdade!].
É um excelente estimulante da circulação, ajudando o sangue a afluir às extremidades do organismo, combate dores reumáticas e dores nas articulações em geral, também resultando em dores musculares pois aquece e relaxa os músculos [não sei…].
As compressas aplicadas sobre o peito são um bom remédio contra a tosse, ajudando a libertar a expectoração e actuando ao mesmo tempo como anti-inflamatório [é verdade!]. É também considerado afrodisíaco [Hmmm… não sei, não!]
É anti-oxidante e ajuda a prevenir a agregação de plaquetas, combate a falta de apetite mas é também um remédio para o emagrecimento pois ajuda a fundir as gorduras [so I wish…].
Em gargarejo ou em tisana, é muito útil para tratar as dores de garganta, amigdalites, problemas de rouquidão e perda de voz [há toda uma turma que esteve em Glasgow, que pode garantir que funciona. Não sei quantos litros de chá de gengibre fiz para aquele grupo de alunos!], combate ainda gripes, rinites, constipações (infusão bem quente com limão e mel) e provoca a sudação.

Preparação do chá: descascar e cortar lamelas finas de gengibre fresco e deixá-lo ferver na água durante um bocado, até o líquido ganhar um tom amarelado. Beber bem quente. Arde na garganta mas… faz muito bem!

Parabéns ao MNTeatro...

No próximo dia 4 de Fevereiro, o Museu Nacional do Teatro irá comemorar o seu 22º aniversário.
Para celebrar esta data iremos ter um conjunto de programas que constará do seguinte:
[Seguem-se várias hipóteses destinadas, sobretudo, a crianças pequenas. E depois]
Das 10h30m às 16h30m - Visitas guiadas ao acervo* - das oficinas de restauro às reservas, o visitante terá oportunidade para ver como se restaura, se conserva e se preserva a memória teatral.
Público alvo: público em geral
*acervo – conjunto de bens que integram o património de um indivíduo, de uma instituição, de uma nação.

E pronto! Está lançado o desafio. Se alguém quiser ir fazer esta visita, aqui a Bruxa estará à porta do dito e referido Museu às 10h15m. Será uma boa oportunidade de vermos um bocadinho do que se fez em teatro em Portugal. ‘bora lá?

O Debate

Eu sei que não tem nada a ver com a PAP, mas tem a ver com a Escola, e não queria deixar passar a oportunidade de enviar um forte abraço de parabéns ao Carlos Carranca pelo magnífico debate que organizou ontem na EPTC.
Concordo consigo. Os nossos alunos deram uma lição de civismo a muito boa gente (principalmente a um determinado fulano, que, mesmo assim, entre a má educação, a péssima retórica e um mais que duvidoso gosto na arte de bem vestir, ainda conseguiu retirar-se não só sem impropérios, mas até com bom senso).
Enfim, já passava das 18:30 e muitos ainda havia a querer continuar a discussão. Creio que isso diz tudo...
Um debate de grande interesse e, mais importante, deveras esclarecedor para toda a comunidade escolar.
Mais uma vez, os nossos (pois creio que falo em nome de todos os alunos e professores da EPTC) sinceros agradecimentos e parabéns.